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Parada do dia do Trabalhador

 

Mais uma parada com milhares  de trabalhadores a marcar este dia dedicado a quem trabalha  com muitos mais milhares de pessoas espalhadas pelo seu itinerário que se iniciou de manhã junto ao edifício da City Hall finalizando no grande parque de diversões da CNE - Canadian National Exhibition e que é sobejamente conhecida por todos nós por Parada do Trabalhador, ou em inglês como Labor Day que há muitos, mesmo muitos anos, percorre, nesta data, as nossas ruas. Todos, ou quase todos, os sindicatos são representados neste grande dia dedicado a quem trabalha a soldo do patronato.

Assim, logo de manhã, do dia 3 de Setembro passado, durante 3 horas, foi ver desfilar tantos trabalhadores, seus sindicatos e estandartes com dezenas de ofícios representados como os professores do ensino primário e secundário, da auto industria, eletricistas, correios, funcionários da Câmara e dos Serviços Públicos tanto da Província como Federal, maquinistas, caldeireiros e soldadores,   serviços de saúde, transportes públicos (dos TTC), bombeiros e da construção civil onde a grande maioria era representada por gente lusa.

Assim os dois maiores sindicatos do Norte da América, sucursais da Liuna, os Locais 183 e 506, juntos partilhavam uma enorme fatia desta parada bem como os seus lideres Cosmo Manella, Jack Oliveira, Luís Câmara, Nelson Câmara e Tony do Vale, este da referida 506 sendo a vanguarda abrilhantada pela Banda Lira Nossa Senhora de Fátima era o cunho da portugalidade numa das grandes paradas do ano levando, como é óbvio, desfraldada a bandeira portuguesa.

Bravo. Gostámos e ficamos orgulhosos de os ver passar recebendo ovações do público que se estendi pelos passeios.

Por falarmos em bandas esta parada tinha bem umas duas dezenas delas incorporadas desde do estilo escocês, das caraíbas, brasileira, metálicas e outras mais seguidos de muitas dezenas de trabalhadores que dançava ao ritmo da música.

Tudo isto em sintonia com os trabalhadores e seus sindicatos que os agrupa, ou representa, pois muitos foram os que exibindo cartazes e insígnias com palavras de ordem dirigidas à crise presente e às táticas do governo onde o mais sacrificado é o trabalhador deixando o patronato aliviado. Assim muitos eram os ditos naqueles cartazes como - "No Cuts"; "The Fight isn't with us. Fight the austerity"; "Fighting for workers"; "Nurses & Teachers did not cause the deficit"; "Retirement. Dignity for everyone"; "Stop the pension Thieves"; "I have a pension  so shoul you"; "Hands off our pensions"; "Our communities need good jobs"; "Silidarity against austerity"; "Pensions for all"; "Mr. Premier stop bullying me!"; "Ontario Nordhland not for sale"; "Stand up, stand strong, stand united"; "Optimism...together, we can change the work"; "Daycares are in crisis and closing. Funding needed now" e outros mais que não tomámos nota.

As organizações que os agrupa, os Sindicatos, e os próprios trabalhadores, abertamente protestavam as muitas leis que os governam numa autêntica crítica aberta ao movimento de liberalização dos trabalhos e privatizações, protestando também para os cortes de serviços em todos os sectores mais propriamente no sector da saúde e educação e da presente crise de encerramento, no Canadá, de muitas fábricas.

Os trabalhadores aproveitam este dia para alertar o Governo e outras entidades ligadas aos diversos órgãos governativos e ao público em geral das necessidades carentes do sector laboral como os aumentos de salários e melhores condições nos lugares de trabalho não esquecendo a protecção contra os acidentes no trabalho. O desaparecimento de postos de trabalhos e a “exportação”  destes para outras terras e países são outros fenómenos que os sindicatos tentam acordar os legisladores para que assim se criem leis e condições de oposição ao fecho dessas fábricas e companhias cujos trabalhos seguem para outros pontos do globo onde não existem sindicatos e protecção para quem trabalha conta acidentes e doenças profissionais e onde os salários são quase, ou são mesmo de “fome”.

Gostaríamos de reviver alguns factos "esquecidos" ou pouco divulgados aqui neste Continente do Norte da Americano que é o PORQUÊ do Dia do Trabalhador não ser no dia 1º de Maio e sim no principio de Setembro (a primeira segunda-feira daquele mês), coisa que não acontece em toda a Europa e muitos países sul americanos. Historicamente isto tem a haver com uma manifestação realizada no dia primeiro de Maio de 1886, em Chicago, nos Estado Unidos, onde 500 mil trabalhadores saíram às ruas, em manifestação pacífica, exigindo a redução da jornada para oito horas de trabalho (em vez de 10 e 16 horas então em vigor). Sem provocação a polícia reprimiu brutalmente a manifestação depois de ferir e matar muitos dos sindicalistas, muitas deles mulheres. Os trabalhadores e sindicatos não se deram por vencidos e no dia 5 daquele mês de Maio. voltaram às ruas e foram mais uma vez reprimidos com a brutalidade habitual da polícia daquela cidade com mais fatalidades, incluindo oito polícias e manifestantes (não se sabe, ainda hoje, ao certo quantos civis foram imolados pelas cargas brutais à bastonada e a tiro com armas de fogo).

Este acto prepotente e letal das autoridades do Estado de Illinois foi levado a Tribunal Internacional que pressionou o Governo de Washington a anular os julgamento dos "criminosos" trabalhadores e a elaborar um novo júri que, em 1888, num novo julgamento, foi finalmente reconhecido a inocência dos trabalhadores presos, exigindo a sua libertação e culparam formalmente o Estado Americano de acção de brutalidade e criminosa. Os presos foram libertados mas foi tarde demais quatro  deles condenados a pena capital e que tinham sido, entretanto, executados. Fim bem triste para quem, pacificamente, apenas pede que lhe seja feita justiça neste caso de apelar para menos horas de trabalho e melhor salário. Não esquecer que muitos manifestantes e grevistas eram mulheres algumas levando os seus filhos com elas.

Após 126 anos passados destas manifestações dos trabalhadores em Chicago por melhor salário e menos horas de trabalho e que foram brutalizados pela polícia sem justificação, o seu sacrificio e coragem marca ainda o presente com a sua mensagem, de alerta contra a prepotência do patronato, por melhores condições no local de trabalho e um não ao desmantelamento das estruturas sindicais, aquelas que velam pelam pela solidariedade, direitos e oportunidades do trabalhador, tanto salarial como social.

O autor destas linhas foi, em Portugal, em África mais propriamente, há mais de 45 anos, dirigente sindical (no tempo do Salazar) fazendo parte do Sindicato dos Bancários, e integrado em diversos comissões onde se tentava por todos os meios legais (mesmo entre linhas) flanquear as leis da ditadura para melhorar o sector de trabalho. Foram tempos difíceis com alguns dissabores vindos por parte da então polícia estatal, a tenebrosa PIDE, que não "brincava" quando trabalhava. Mas ao analisarmos o que "sofríamos" então, e a compararmos com a visão maquiavélica e aterrorizadora daquela manifestação em Chicago, no ano de 1886, talvez estivéssemos, naqueles anos de 1966 a brincar com "crianças de tenra idade" pois a PIDE, ou a polícia de choque de então, não assassinava brutalmente às dezenas, à bastonada e muito menos a tiro, nas suas cargas pelas ruas das cidades portuguesas onde se manifestavam os trabalhadores e estudantes contra a opressão da ditadura vigente. Possivelmente não eram tão desumanos ou "descarados". Depois, nas masmorras, ou curros de detenção, após as detenções dos chamados suspeitos ou acusados, já a história era diferente...

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